Software online e dispositivos: quando e como usar

Wallace Vianna é desenvolvedor web

Imagem: Leads

[Opinião] [Crítica]

Uso software online - ferramentas de trabalho de PC migradas pra internet - desde o surgimento da internet. De lá pra cá muitas tecnologias foram usadas e descartadas (JAVA, Flash) mas as questões de uso tem evoluído na contramão do seu uso ideal.

Cenário do problema

Certa vez, usando a versão equivalente-online de meu programa de trabalho (aqui, no navegador web, em computador de mesa) percebi que as últimas alterações do trabalho não foram salvas.
Pesquisando o motivo descobri que o meu HD estava lotado e que o programa online não tinha como verificar isso - ele fazia o FTP/transferência dos dados pro meu PC. O resto fica por minha conta verificar.

Noutra ocasião, agora no navegador móvel Google Chrome ou seja, no celular, o navegador informou que estava com falta de memória. Usei o navegador mais leve que vem no meu celular (quem não é o maior em tudo tem que ser melhor em algo) e tudo funcionou conforme o imaginado... até certo ponto.

Certas ações que na tela grande do PC são simples acabam sendo muito demoradas na tela pequena do celular padrão de hoje (e impraticáveis nos celulares "de bolso de camisa" ou mini).
Assim sendo, comecei a fazer o trabalho nos aplicativos que já vem no meu celular e terminei a parte mais complexa no programa online... Tudo no celular.

Essa via-crúcis do trabalho mostra que os programas online tem um caminho pra evoluir, na interface (se tornando mais simples) e nos recursos oferecidos (sendo reduzidos) quando acessados em navegadores móveis.
Se formos olhar pro lado do desenvolvimento do software, nessas horas o aplicativo "off line"/desconectado da internet ou o app instalado (não-online) acaba mostrando seu valor, pois há muitas coisas que o aplicativo online não vai poder fazer, ou se fizer, vai ter que ser via mini-aplicativo instalado - um aplicativo que existirá no dispositivo do usuário apenas pra se contornar as limitações no navegador web. Informar que o HD está cheio e o trabalho não pode ser salvo, por exemplo.

Soluções e recomendações

Se fosse fazer um resumo dessa situação, diria que, ao usar aplicativos em celular (instalados ou na internet) pra trabalhos antes feitos em PC de mesa, temos que ter uma lista de sites online (ou aplicativos móveis para baixar) com todas as ferramentas necessárias para cada trabalho; não dá pra usar o celular como um "PC de mão". E isso inclui o navegador web, mais leve.

Outra recomendação seria adquirir experiência com uso de software online antes de usar o celular para trabalhos com características profissionais (no tempo ou resultados), pois migrar o uso do mouse ou tablet para a tela touch screen (ou pro touch pad do laptop) requer certo aprendizado e adaptações.

Por fim, ter em mente que uma tablet pode ter tela mais confortável do que um celular, mas encarar o fato de que equipamentos móveis são para tarefas pequenas.

Acredito que as novas telas dobráveis ou deslizantes dos celulares, assim como a IoT/Internet das Coisas na tradução, vai nos levar ao que eu chamo de PC do futuro, onde o computador será o equipamento que tivermos perto de nós: relógio de pulso como HD, tela de TV como monitor, celular ou tablet como mouse e teclado.
Outros arranjos como Tablet como monitor, Celular como HD e Mouse vão surgir naturalmente resolvendo a parte de "hardware móvel", enquanto o software online ou móvel vai ter que evoluir.

Conclusões

Um aplicativo móvel que otimiza o uso do aplicativo online via navegador web é uma gambiarra que resolve o drama de quem não pode baixar muitos aplicativos grandes. Mas o ideal é que o aplicativo online ofereça o uso adequado já no navegador web, esse sim, a plataforma ideal de desenvolvimento e distribuição de software nas próximas décadas.

Para quem acha que minha visão não é diversa como o ecossistema computacional deve ser, com múltiplas formas de acesso ao trabalho e informação, meu blog sobre design de interfaces e experiência de usuário ilustra com diversos exemplos meu ponto de vista: o problema é menos a diversidade de mídias/interfaces ou aplicações e mais a falta de padronização entre todas elas.

No dia em que puder localizar todos os recursos de um software, fazendo o mesmo caminho, seja no aplicativo móvel, navegador web ou aplicativo em PC mesa, as demais questões (como falta de memória no navegador móvel, p. ex.) se resolverão facilmente.