Parece que a humanidade (no sentido mais amplo da palavra) acordou para o fato de que está virando vítima da tecnologia, em vez de senhor dela, como se fosse a criadora de um novo tipo de Frankestein (ou Matrix?).
A palavra de ordem é slow. Lento.
Slow food, slow fashion, slow technology. A comida, moda, tecnologia (e praticamente todos os ramos da vida atual) agora tem a proposta de serem "lentos" ou sustentáveis, em contraponto a uma sociedade que vive na velocidade de um video-clipe musical.
Imagens: freepik.com
Na verdade a proposta é viver de acordo com a nossa biologia, que pouco tem a ver com a cultura que construímos, para o bem ou mal, voltada para o consumo (de muitos) e acumulação de capital (de poucos).
Quando o Google propôs o celular montável ou modular, já deu o primeiro passo para o slow tech. Aliás, até a tecnologia "simples" está virando um novo padrão de consumo.
Tipos de Slow Tech
O celular smartphone, enquanto computador de mão, já é um computador slow tech, em comparação com o micro de mesa. O problema é o uso e atenção intensivos que ele demanda pra ser usado.
Isso sem falar na quantidade de interações que ele permite devido a sua mobilidade (telefone, e-mails, redes sociais, notícias, rádio, TV, cinema...).
Mas essas possibilidades fazem dele um avesso do slow tech.
Por outro lado, se pudermos montar nossos celulares de acordo com nossas necessidades vai ser um avanço: limitamos o hardware e software ao que necessitamos.
A idéia do slow tech não é libertarmos nossas atenções para tarefas "mais criativas" e sim retomarmos atividades do dia a dia que preenchem nossas vidas, tanto quanto viajar nas férias. Percebi isso quando me mudei para uma casa com Jardim e me impus a tatefa de varrer as folhas das árvores a cada dois dias. Recuperei o acesso uma terapia mental tão valiosa quanto uma sessão de acumpuntura, yoga ou meditação. Sem comprar um varredor de lixo motor, sem pagar faxineiro.
O lado ruim da tecnologia
Pessoas viciadas em NetFlix (tecnologia que aproxima o que está longe e afasta quem está perto).
Jovens que ficam mais horas na frente dos games de computador do que com seus familiares ou amigos, perdendo as habilidades sociais mínimas necessárias.
Radicalismo e discurso de ódio por motivos rasos nas redes sociais (tecnologia que aproxima no início para afastar em seguida).
A lista dos problemas "high-tech" é tão extensa quanto os problemas que ela se propõe a resolver.
Antes que me apontem a contradição de editar esse blog sobre tecnlologia computacional e escrever um artigo contra a alta tecnologia, digo que tenho uma vida construída ao redor da tecnologia, como professor de informática, palestrante e consultor de tecnologia. Por conta disso tenho conhecimento de causa para saber o que é válido ou desnecessário quando o assunto é TIC - tecnologia da informação e comunicação.
Acredito que trocar o high-tech por qualquer outro "tech"(slow, low) pode não trazer o status de "uma vida invejável" que a sociedade consome, mas com certeza vai trazer ao mundo seres humanos melhores.
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