terça-feira, 20 de setembro de 2022

Modelos de sites e comercialização de software: panorama crítico

Imagem: PNG Tree


[Opinião]
Wallace Vianna é webdesigner e desenvolvedor web

Cenário

O mercado de produtos digitais é mais difícil que o mercado de produtos físicos: piratear um software é relativamente mais fácil do que uma bicicleta, camiseta de marca ou uma agenda de compromissos, p.ex. Isso leva a criação de soluções tão específicas quanto esse produto.

Por outro lado, no software existe o que se chama de "mercado cinza": compra de licenças de uso (produtos comprados com o autor do software e que são revendidos a terceiros) mais ou menos o que ocorre com hardware (produtos OEM, comprados fora da caixa, a preço mais em conta). Ou o famoso "compra de segunda mão" (que não significa "usado" ou desgastado pelo tempo - mas discutir isso na área de software é um outro assunto).

No caso dos modelos de sites, a pirataria é antiga e conhecida: muitos modelos de sites são pirateados e vendidos como páginas HTML (sem um CMS/Gerenciador de Conteúdo por trás), com ou sem código malicioso ou até reconstruídos com outros softwares, gerando páginas iguais ou bem semelhantes.
Por isso os autores de modelos de sites atendem um público bem específico: pessoas com dinheiro para investir num modelo de site, que querem agilidade para construir seus sites e que pagam por assistência técnica ao longo do tempo.

Questões de comercialização
Modelos de sites podem ser oferecidos como versão de demonstração, com recursos limitados ou bloqueados que impedem a utilização comercial ou com utilização livre, de forma simplificada (pra atrair interessados na versão paga).
No caso da versão limitada, as técnicas para impedir a utilização vão desde códigos embutidos no próprio modelo (ou no site do autor) que impedem a substituição de imagens (reescrevendo imagens quando são substituídas) ou que acrescentam áreas que não podem ser removidas nas páginas (sob pena do modelo parar de funcionar).

Ou seja: hoje modificar um modelo é tão trabalhoso quanto fazer um, do zero.

Mesmo sem fazer juízo de valor sobre o modelo de negócios de cada um - ganhar dinheiro oferecendo avaliação através de capturas de tela, versão de demonstração na internet ou no site do interessado, quero dizer que, ao meu ver, tanto a restrição de utilização quanto a venda de modelos de sites sem avaliação tem seus prós e contras.
Preservar o capital intelectual e o negócio do autor é legítimo, mas o que dizer do concorrente que oferece modelos de site como uma estrutura, sob a qual os designs de site são oferecidos juntamente ou em separado?
Esse tipo de comércio não termina na venda do modelo, em si: após a venda tem a assistência técnica, personalização, oferecimento de softwares de terceiros embutidos (cuja inclusão pode ser comercializada também), venda de softwares do próprio autor do modelo, enfim: acredito que oferecer modelos de sites com limitações é algo que está com os dias contados.

Cenários atuais na comercialização de software
A venda de software em mídia (CD/DVD) está migrando para o SaaS - aluguel de software online - ou venda de licenças de uso (a pessoa adquire o software onde/como quiser e pode comprar a licença de uso para usar o software como se fosse comprado com o autor).

Nesse cenário restrição de uso está mais ligada a restrição de acesso; a questão de uso indevido envolve outras questões (número de computadores que podem ter acesso ao software; limitação de domínios onde o software pode ser instalado, etc).
A forma de comercialização revela uma forte tendência de se padronizar no SaaS ou venda de licenças, incluindo venda de software (serviços) adicionais.

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